quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Recapitulando

Pois é querido blog...

Quem te acompanha... (vide eu e só eu) sabe que eu postava com frequência. Que eu postava ao final de cada mês um resumo de tudo o que fazia e no final do ano um resumo geral, anotava tudo, lugares que ia, quem eu via, livros que lia e filmes que assistia. Os shows, as peças, as vontades, os planos. Tudo eu meio que colocava aqui ou nos meus escritos à mão que estão em casa ou já foram para o lixo. De tanto planejar, muitas vezes não o fazia. E de tanto divulgar, às vezes as coisas não saiam da cabeça ou do papel.

Não medito mais, quase não leio mais. Parece que a crise nacional se refletiu na minha vida financeira e parece um poço do qual não saio. Poxa, até minha sinceridade exacerbada me pareceu por vezes algo mais superficial do que real.

Eu gostava dos planos, dos registros, do quarto arrumado, da academia, dos likes, do meu ego no tema central da conversa. Será que é amadurecimento?

Eu trabalho hoje em dia em um telemarketing no mais. Tenho 23 anos e não sou o modelo fitness que eu queria ser ou que fizeram eu querer ser. Sou gay e o maior e pior preconceito que sofri e por vezes ainda sofro é dentro da própria família. Sou consumista com pequenas grandes coisas e disponho ou penso que disponho de pouco tempo.

Sou feliz e parece que algo ainda bate em mim aos socos para parecer que eu não sou feliz. Acho que é a crise mesmo. Estou apanhando tanto que não sobra dinheiro para ir ao mercado. A culpa é minha ou os outros fazem acreditar que é minha... Na real não paro para pensar ou iludir-me e aludir a culpa a alguém ou a alguma situação.

Parei de escrever o resumo mensal e nem comprei agenda 2016 para controlar cada passo que eu dou, acho que são fases diferentes e assim como a vegetação, não é uma quebra, é sempre uma transição.

Eu quero sair das redes sociais, mas sou dependente de ser social e aceito e visto. Sou, ou melhor, fui ator e ator querem mais que tudo atenção, querem a sociedade. Cômico não? Eu escrevia tudo e cansei no bom sentido de escrever poemas.

Esqueci como é bom ficar em casa, como é bom não se preocupar com o banco, como é bom poder viajar e passar aquele momento sozinho ao por do sol. Como é bom almoçar com minha mãe e até com minha irmã ou ouvir as conversas dos meus parentes na divisa com o Paraguai. Viajar é lindo, mas me fizeram acreditar que esse é o único objetivo da vida. Eu esqueci como se ama e agora uma nova oportunidade surge e eu, morrendo de medo, não sei mais lidar, não sei tratar. 

Eu por ser amigo, acabei sendo amigo de todos e no final das contas, talvez não tenha tantos amigos quanto eu pensei que tenha. Eu quero sair das redes, quero ler meus livros, aposentar-me com 24 anos sem envelhecer e trabalhando.

Eu não posso sair do trabalho que tenho. Do apartamento que habito ou de qualquer outra coisa. Sinto-me preso, mas eu sei, eu tenho fé, eu acredito que as oportunidades surgem, que o amor nasce de novo e que ele ainda me salva, que a vida te mostra caminhos inimagináveis e se lutamos um pouco não mudamos de fato nossa realidade, mas a encaminhamos.

Que minha família seja abençoada, que meus amigos poucos, que meu amor dado à pessoa correta e eu espero estar com ela já s2, que meus estudos sejam focados e minha grana não seja curta, mas não seja gigante, não é necessário.

Acho que escrevo por medo de morrer, escrever é o único jeito concreto que eu encontro nesses dias de concreto de eternizar o que chamamos de alma.