domingo, 13 de setembro de 2020

Amor gelado

Enquanto meus olhos seguiam a luz
Os seus seguiam a minha silhueta
Enquanto colocava em ordem a minha meta
de sozinho carregar a minha cruz,
No caminho apareceu você, e nus
nos encontramos pela primeira vez.
Foi sensação de sentir sua tez,
foi sensação de evitar sentir,
pois foi rápido, e não quis investir
No incerto em menos de um mês.

Balde de água fria em mim jogado,
O que não sabiam era que do frio eu gosto,
Que quando tenho sentimento, mostro,
E quando me sinto apaixonado
Esqueço o medo, e o coloco ao lado,
E me jogo no mediterrâneo a nadar.
Você é meu mar gelado sem saber,
É meu lago suiço no verão a derreter,
E seja lá o que for, é uma delícia te amar,
E sem clichês, é no seu mar que eu vou entrar.

Maçã do conhecimento

 Mordi a maçã do conhecimento

Sem saber exatamente o que esperava,

Foi como subir vulcão em lava,

Foi como meter a mão no cimento,

Foi quebrar a onda do tempo e do momento

ou mesmo a noção de espaço e matéria.

Nessa viagem, me distanciei de gente séria

E entendi o outro sem da linguagem usar,

Tive ideia do que é morrer e se integrar

ao todo, ser pó de estrela, ser uma bactéria.


Não há explicação, pois nem conseguiria.

Não é sobre uma questão de capacidade

Não é sobre ser maior ou menor de idade,

Acho que nem tema de maturidade seria.

Quando olho no espelho escuto "quem diria?"

E me permito ver que já não sou mais eu,

que me arrisquei e o químico me surpreendeu

E que minha sensibilidade ao próximo está a mil

Quebrando fronteiras minhas e do Brasil

matando deuses, e criando um deus que também sou eu.



sexta-feira, 3 de julho de 2020

Devaneio

Eu tô com o medo do futuro. Não sei como vai ser, ninguém sabe, mas o não saber está me fazendo sofrer.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Não tá fácil

Pra ninguém. Mais de meia noite, jornal com recordes de mortes em COVID19 na tela. Linkedin e Catho abertas e lágrimas no olho. Incapaz. Imagens aparecem, como aquele sorriso de canto de quem com maldade e certo alívio de não ter de enfrentar um crescimento verdadeiro, me deu a mão que me colocou pra fora de uma empresa que eu acreditava. Não é fácil dormir nos dias que essas memórias vêm. Os livros, os pensamentos, são as únicas coisas que conseguem drenar o que é lágrima, mas eles não pagam as contas. Me sinto perdido.

terça-feira, 23 de junho de 2020

3 momentos para uma História

Eu finalmente me formei em História. Nossa sociedade prega que sem um diploma de ensino superior você não é nada. E após terminá-lo, em muitas situações, parece que ainda assim esse papel não vale muito. 
O período de pior momento da quarentena eu já vivi - claro que pode haver pior momento num futuro - mas atenho-me aos exatos 3 meses em casa.
Primeiro, parece que já faz muito mais tempo que estou em casa, ainda que as semanas passem rápido. Eu diria que em 3 meses, já vivi 100 semanas. Essa é a impressão de tempo que eu vivi.
Claro que há fatores, o namoro, o estar com cachorro, o viver com minha mãe e  o visitar vizinhos amigos contribuem para essa sensação. No período inicial, me vi em crise profunda.
Tive crise de choro, sono mal dormido, e me vendo obrigado a não sair de onde estou num período maior que 2 meses nos últimos 4 ou 5 anos, me questionei. Como eu me questionei.
Perguntei-me sobre vida, profissão, dinheiro, amor, ambições, e ainda em certo grau sigo com os questionamentos, fato.
Num desses devaneios julguei o curso que escolhi no período superior de estudos e descretditei o pouco que lhe havia dado. agora, passo por uma reconstrução desse significado que é ser licenciado em História. Como posso, tendo um pé mental em exatas, querer encaixar-me nas ciências humanas? Por dias quis jogar tudo pro alto e recomeçar, porém lembrei que eu amo estudar o que estudei e que não é jogando pro alto o que investi que meu caminho teria necessariamente uma guinada na rua da felicidade.
Briguei com a História, e os momentos só, às vezes com ajuda de algum entorpecente, falaram mais alto e viajei para momentos que me construíram um curioso da História. Remotamente meus livros favoritos eram sem sombra de dúvidas as sagas de Sherlock Holmes e como ele conseguia reconstruir histórias por pistas. Na faculdade, Guinsburg o cita como exemplo da busca de um paradigma indiciário para o saber histórico e eu o coloco (a Holmes) como um influenciador na minha tomada de decisão do curso da faculdade.
Em um segundo momento me lembro de Alencar, meu professor de história no fund II e ensino Médio. O professor que esteve comigo por 7 anos, mais que qualquer outro até hoje e como o via liberto, talvez porque desiludido como professor, dentro da história como matéria escolar. Eu o olhava como exemplo de professor, ainda que por muitas vezes o tempo era quase disperdiçado em competições de arremessos de bolinha de papel dentro da sala de aula.
O terceiro motivo eu o manipulei, mas ainda creio ser um influenciador. As viagens que desde muito cedo fui obrigado e depois me obriguei a fazer para conhecer a realidade dos outros e os locais mais interessantes que eu poderia conhecer.
Hoje me vejo remediando relações com a História e olhando para a minha formação baseada em deformações e ápices de uma boa época de estudos. Respiro fundo e sigo buscando um conhecimento através da vivência e leituras que em breve espero poder compartilhar com outros e contribuir de certa maneira para a espécie humana como sociedade que eu (não) acredito.

Pergunta

Será que eu o amo?
Se a pergunta vem
Ele em minhas mãos me tem,
Sou eu que aos céus clamo
E com paixão o chamo.
Se o amo não sabia bem,
Já tive paixão por mais de cem
Já tive experiências insanas
Entre mamões e bananas
Eu já me diverti sem desdém

E a pergunta que no fim fica
É o que ele consegue e cativa
Sendo na forma ativa ou passiva
Que meu pensamento viaja e implica
E contente lhe dá a ultima dica
Que sou eu que no fim do dia o ama
Meu corpo por ele arde em chama
E o segundo que com ele estou
É o segundo que me encontro como sou
E eternamente me vejo com ele em uma cama

sábado, 6 de junho de 2020

Tentativa e erro

Junho começou e com ele, mais claridade de pensamentos.
O mundo está um caos. Ligar a TV ou mesmo entrar em redes sociais é deprimente. Um governo omisso em pedaços, crimes por todos os lados e uma epidemia mundial. Dentro de mim, fico reflexivo, mas sem buscar respostas.
O dia hoje representa bem esse momento. Eu olho pro céu e apenas nuvens e nuvens, um dia que poderia talvez ser visto em sépia e, apesar do movimento na praça ali fora, parece sem vida. Eu brigo comigo mesmo para mudar essa realidade e é difícil.

2020 na atual circunstância pessoal de não estar trabalhando, me deu tanto tempo como eu jamais tive antes. Beber, perdeu um pouco da graça, só passo mal quando bebo. Meu corpo não me satisfaz, minha intelectualidade parece medíocre, meu desejo é recomeçar. Mas aí, eu me lembro que não tenho 18 anos, nem milhares de reais na conta que me permitam repensar, ou talvez mesmo, não tenho 18 anos com a experiência dos 27 anos depois de tanta tentativa e erro. Desejo por um momento que a vida fosse tal qual a série Dark e eu mesmo pudesse me aconselhar quando era mais novo e abrir minha cabeça para entender.

Não é assim. O café me desperta e me lembra que não é assim que as coisas funcionam e tudo bem.  A primeira pergunta pode ser "O que é necessário para que você fique feliz e por que você não está faendo isso?" outra "por que você gasta tanto tempo refletindo e planejando, mas a execução é pobre e descontínua?". O momento de tristeza não deve e nem pode ser uma constante. Pelo contrário, deve ser algo específico e dar vazão às ações que mudem minha realidade.

"Qual seu desejo e o que você está disposto a abrir mão por enquanto para alcançar esse desejo?" e enfim "O que te faz feliz?"

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Sei lá que dia da quarentena e da vida

Já perdi as contas. Minha cabeça tá fervendo e não é de dor de cabeça. Não dormi essa noite e não foi balada. Mil coisas na cabeça e quando olho no espelho só enxergo frustação. Eu grito por dentro que a culpa é da pandemia, da quarentena e que se minha cabeça está assim é por fatores exógenos.
Como nunca antes só os arrependimentos gritam dentro. O de não ter estudar e passadona USP, ou mesmo de não ter implorado para ir pra Pelotas estudar meteorologia. De não ter tomado a primeira bala antes. De não ter dado certo com quase 30. Será que eu dei certo?
Eu peço por dentro socorro, mas mesmo os que podem ouvir, não podem fazer muita coisa. Eu me frusto de não ser um ator, de não ter coragem de sair por aí, de não ter sido rebelde o suficiente nem corajoso o suficiente para poder ter arriscado mais. De não ter ido para a Argentina ao invés de Londrina em 2013. De ser sempre o certinho da escola ao invés de ser o visionário.
Sem emprego, agora em 2020, pois queria tanto ter o mínimo do tal ano sabático, corona me pegou de jeito e quebrou as minhas pernas. Eu grito e me vejo traumatizado pelo ambiente corporativo por injustiças depois de tanto acreditar e trabalhar por um objetivo de mudar o mundo. Eu me vejo acanhado no canto, querendo me excluir de redes sociais, de querer viajar o mundo e não postar fotos. De deletar meus perfis e estudar algo que não exija tão facilmente o contato com outros humanos, ou pelo menos não em empresas que se dizem diversas, mas contratam corjas no comando.
Eu me vejo triste por ser ais um dos milhares de atores que nem criativos mais se acham.

Eu paro na esquina de casa, me olho com responsabilidades que eu outrora nem queria, e olho pra mim dizendo que basta de sofrer, e o caminho para a felicidade eu já devo ter. Mas olho novamente e me vejo perdido. A única mão que me acolhe, tenho medo de a cansar, de a perder. Me vejo só novamente e perdido, apenas estudando e estudando e ficando com mais medo. Porra, cadê o Jeff? É isso depressão? É isso pandemia? O que é? Não,não, não. Nem quero saber. Quero acordar e me ver em 2009 com esse sonho longo sonho. E fazer minhas frustações mudarem. Paro, penso e quero 2020, por que porra menosprezo a experiência? Os amigos e amores desses 11 anos? Eu me entristeço, só queria um abraço.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

1 mês de meditação ativa

Entre 23 de Março e 29 de Abril
Quando todas as inseguranças querem te destruir

Não estou falando literalmente de meditação. Mas sim seriamente. Num período em que me coloquei em casa de modo intensivo, convivendo com mãe, namorado, cachorros, pandemia mundial, governo em crise, instabilidade profissional e financeira, todas as dúvidas vieram a tona. Todos os desnivelamentos também.
Foi tempo de amar e ser amado. De me questionar sobre onde cheguei e as frustações que tenho e por que as tenho. Foi um tempo de filosofar de modo intensivo, questionar algumas amizades e ter saudades, nostalgia de outras. Foi tempo de dar um tempo e aprender como nunca o que é parar, e o que o "parar" trás de bom para minha vida. Foi tempo de se descobrir ocioso numa rede e até de ter crise de choro, desregular o sono, a alimentação, a rotina. Foi um tempo de dizer um "NÃO" bem grande para correntes familiares do controle, de entender melhor meus limites e calcanhares de aquiles. De entender meu sexo, minhas limitações, minhas lutas a serem escolhidas. De entender que o mundo é sim injusto e o que eu quero fazer vai determinar muito essas lutas a escolher.

Fiquei muito agoniado em entender o futuro e ainda estou, estou em processo. Não entendo muita coisa e ainda sem respostas para outras coisas. Me questiono sobre a produtividade em quarentena, ou pelo menos, sobre as curiosidades que a quarentena tem me feito ter. O que quero seguir, o que estou disposto a lutar.

Certamente há objetivos que não abro mão, mas de muitas coisas vou ter sim que abrir mão para conseguir o equilíbro que tanto venero nos meus pensamentos. Sem pressa, sem perfeccionismos.

Se eu fosse resumir esse 1 mês de quarentena eu diria que foi um intensivo de filosofia. É isso, um intensivo de Filosofia.

Meus três primeiros meses sabáticos

Entre 12 de dezembro de 2019 e 23 de Março de 2020
Depois da saída do Facebook e antes da quarentena oficial do Governo

Com tanto tempo dentro de casa, muitos pensamentos, medo e algumas crises existenciais, eu me peguei frustrado, me xingando por não ter passado na USP lá atrás e por ter uma vida presa àlgumas coisas que eu mesmo busquei. Ora, ora, ora...

Pois não foi que agora, ao me perceber vivido 1/3 do ano, eu me perguntei, e o que eu fiz? E o que, eu, que julgo tanto, me saboto muitas vezes, posso dizer ter feito nesse período pré-pandemia, que posso também dizer como um período de meu governo espiritual provisório? Que caralho eu fiz em 3 meses que me provaram dar um step ahead na minha vida? Será que posso comemorar? (Espero que sim, pois comprei vinhos pela internet e se, eu concluir que posso ser meu Narciso, eu vou brindar essa porra)

No outro dia após minha saída nada convencional do Facebook Brasil, sem ainda entender direito o que aconteceu e vivendo o trauma eu peguei a chave do meu apartamento, sim, meu fucking apartamento, que como bom brasileiro financiei em mil vezes. O estar desempregado não me fez comemorar, não me deixou com o momento de êxtase, apenas preocupações que infelizmente seguem, mas ainda assim é uma puta conquista. Morar na Praça Roosevelt, justamente onde eu sonhava em morar sendo um morador de São Paulo, num apartamento que posso dizer meu, é a realização capitalista da propriedade privada que alcancei. Fiz a mudança às pressas, com muita raiva, mas porra, eu tenho um teto, eu tenho esse tipo de problema para se preocupar e isso é lindo demais.

Entre Fevereiro e Março fiz duas viagens que me levaram a 5 estados do Brasil, conheci histórias lindas, pessoas incríveis, paisagens que nunca vão sair da minha cabeça, como atravessar o Rio Tapajós, ou ver Arte Rupestre pela primeira vez. Visitei meu irmão e meus sobrinhos, fiz novos colegas de teatro e fui muitas vezes ao cinema. Assisti ao Oscar do começo ao fim pela primeira vez, torcendo. Porra, olha que linda essa oportunidade, olha quantas experiências e memórias eu construí em algumas viagens que para muitos é impossível ou muito difícil até de cogitar.

Fiz um curso intensivo de atuação para TV e cinema na CAL no Rio de Janeiro e outro de História da Arte Brasileira no MASP. WOW! Sem palavras! E eu realmente quis fazê-los, eu realmente prestei atenção, eu realmente estava presente lá, eu realmente estava feliz em estar estudando esses cursos. Conheci gente legal nesses lugares, tive bons momentos e aprendi muito. Caraca, 2 cursos! Sem contar que iniciei uma pós em História da Arte na FPA, um lugar que sempre quis estudar.

Minha mãe veio morar comigo, estamos reconstruíndo uma relação que há tempos não existia, a do dia-a-dia. Meu cachorro é um fofo e a nega ainda está aqui ao meu lado depois de 17 anos quase. Meu amigos cada vez mais claro quem são e não me preocupo mais em provar nada para eles. E ah! O amor! Hehehehe Me apaixonei por um cara incrível, que me ama e me trata bem e é o melhor namorado do mundo. WOW! Eu vou fucking abrir esse vinho, vou fucking abrir a janela e gritar pro mundo que o período de transição entre o Jeff até 2019 e o Jeff no período da Covid.  O que será? Não sei, não tenho noção. Mas eu tenho que parar com esse sabotador que está dentro de mim, gritando a todo instante. Todos podemos dentro de nossas possibilidades crescer o máximo, por mais que seja em períodos complicados. Na realidade, até melhor, a mudança só vem pelo caos.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Na Varanda

Meu primeiro eu, cercando a luz amarela
a poucos passos de uma da manhã
Faz pouco, na velocidade da luz de uma vela
Que pedi pra na sua vida entrar numa por uma brecha
Que decidi passar contigo o meu amanhã

Sentados esperando o mundo acabar a cada momento
Sinto por dentro uma lágrima de amor,
Sim, você apenas está no meu pensamento
Cantando samba na varanda ao vento
Que faz de cada segundo um doce sabor.

Onde estiver não me esqueço de ti,
A diferença entre você e o passado
É que para lembrar de qualquer amado
Eu tinha que fechar os olhos, e se
De ti me afasto, eu sonho contigo acordado.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Minha São Paulo Querida

Olhando publicações muito antigas, eestou revendo experiências em São Paulo que ainda quero ter por aqui e ainda não tive.

Passear de helicóptero num tour panorâmico +-500
Ir ao festival de sopas do Ceagesp no inverno +-100
Entrar de fato na biblioteca Mario de Andrade 0
Assistir um concerto na Sala SP +-100
Ir ao Parque da Cantareira/Pedra Grande +-50
Aproveitar de verdade o MAC +-30
Ver uma exposição no MIS +-30
Fazer a trillha do Pico do Jaraguá +-50
Comer a Coxinha do Veloso +-30
Pedalar no Minhocão 0
Assistir algo no Teatro Municipal +-50
Subir o Jardim da Prefeitura 0
Assistir o Coral na igreja São Bento 0
Fazer uma visita guiada SanFran 0
Ver uma corrida no autódromo +-200 (Stock Car)
Ver uma corrida de cavalos no jóckei clube ???
Ir a Casa de Vidro +-50
Visitar o Catavento cultural +-50
Ir ao Instuto Butantã +-50
Assistir algo no Auditório do Ibirapuera +-50
Visitar no Ibira o Pavilhão Japonês +-30
Ir ao Museu Judaico 0
Ir ao Solo Sagrado +-50

Punheta Acadêmica

Nesses dias de quarentena, ou melhor, em dezembro antes do dilúvio chegar, pensava que seguiria num mundo corporativo tech. Muito bem equilibrado diria - ainda que com PLEVA, diz-se por estresse - estaria cômodo. Grande ilusão, em menos de uma semana me via sem emprego, com burocracias para resolver e uma conta de milhares de reais para pagar tal como aluguel e mudando completamente de estilo de vida.

Dezembro, chorei mágoas e certamente afetei meu psicológico de modo tal que não sei ainda o quão bem estou recuperado da injustiça sofrida no Facebook, sendo golpeado por uma política interna suja de uma corja de profissionais milionários. Ainda penso que eu não quero muito, e que merecia ter ficado um pouco mais, para catalisar alguns sonhos e deixar as coisas mais estáveis, mas a vida gosta de me desafiar. Sempre, sempre gostou. Certa vez, um amigo, me explicando de minha intensidade, me lembrou que todo momento que eu canto paz, um golpe surge de algum lugar e me puxa de volta para a ação.

Eis que dezembro tomei algumas decisões que afetariam minha vida por completo. Primeiro, inscrevi-me numa especialização na FPA em História da Arte, crente que, defasado numa formação inicial em Licenciatura em História na UNISA (em fevereiro de 2020 foi a colação de grau), poderia estudar e beber de material junto a já especilistas em arte e pensar em objetos de pesquisa para um possível mestrado na área. O que seria de todo um grande desafio. Estou amando! É díficil a leitura, mas é algo novo e o treino da teoria, e como ela se aplica no dia-a-dia, me faz feliz.

Ainda peso a utilitariedade da teoria, pois em um momento de crise como esse que vivemos não são de historiadores da arte que precisam e isso, ainda que pouco, me pesa a conciência e me coloca mais perguntas, como o de por que não fiz medicina ou que fosse veterinária ou ser bombeiro que estaria para ajudar as pessoas. Talvez meu ajudar seja político? Como político se vejo muitas vezes meu objetivo como individualista e elitista tanto quanto muita gente que conheci no ambiente corporativo?

São novas perguntas de angustias não tão novas assim. Tudo é construção e desconstruir dói. Ir a uma festa e tomar algum psicoativo pode ser uma viagem deslumbrante e "foda" para alguns, para minha é uma aula intensiva sobre meu próprio eu, é como ressucitar platão, sócrates e aristóteles e apanhar deles, ou vê-los como armas atirando uns aos outros sem me ver no meio da batalha. Ao mesmo tempo é libertador, pois toda a teoria que lida 10 vezes não faz sentido, em um passe de mágica se faz sentir na prática e não há linguagem no mundo que defina o entendimento daquilo que nós, teóricos, em punhetas acadêmicas, seguimos tentando produzir por séculos.

Eis-me aqui, refletindo na madrugada, na esperança que meu enough chegue logo, mesmo com o espírito inquieto que reconheço ter.



quarta-feira, 1 de abril de 2020

Legião

De tarde quero levantar
Quero olhar pra praça e ver
Que a chuva ainda está forte e vai
Ser foda sair na rua, sei
Que faço isso para viver
Eu vejo o vírus por aí matar
E o vento vai espalhando tudo agora.

Uma pandemia global

É a primeira vez que a minha geração no Brasil vive algo assim. O coronavírus é um vírus que tem uma média atual de letalidade de 1,38% e já infetou mais que milhares de centenas pessoas ao redor do mundo. Temos um presidente que pouco faz caso da situação e uma quarentena quase que obrigatória, devendo ficar em casa o máximo possível, tentando sair o mínimo possível para sobrevivência apenas.

Parece que o mundo fechou suas relações, seus voos, as ruas ficam vazias e com tudo fechado é quase um crime sair. Até que desrepeitei a quarentena indo visitar o amigo vizinho, ou levando o cachorro para passear.

Ora pois, 1 ano sem escrever por aqui e visualizado os dados que eu posso coletar visualmente - é dizer, maior atividade em 2013, o ano em que me obriguei a amadurecer determinador aspectos da vida adulta -, eu posso dizer que estou feliz e fazendo o que eu quero, só não da maneira que eu gostaria de estar fazendo.

Se bem visualizar os posts mais antigos e comparar com os resultados parciais de 2020, para um menino que pouco tinha de grana e apoio familiar, consegui alcançar algumas coisas. através de uma herança, dei entrada num apartamento de 2 quartos bem na praça Franklin Roosevelt, talvez meu sonho de consumo e lugar que mais gostaria de morar em SP. Entre tantas conversas e discussões, a melhor decisao foi que minha mãe voltasse a morar comigo.

Em maio de 2019 comprei adotei o Valentino, um Collie que hoje é uma dos meus grandes companheiros. Estabilizei melhor minha relação com minha irmã, neutralizando um pouco a convivênia e escutando opiniões sobre minhas decisões mais passivamente, já discordando em discordar. Apaixonei-me algumas vezes, sobretudo nas viagens, já sabendo o próprio fim que seria daquela paixão e me enamorei de um carioca em São Paulo, novinho, pouco a pouco, de uma maneira que estou amando estar com ele. Estou namorando, mas ainda sem poemas de amor. Concluí a licenciatura em História, fiz alguns cursos relacionados, estou estudando uma especialização em História da Arte. Falo 5 idiomas bem e outros 2 meia boca. Viajei por 24 estados do Brasil e 20 países no mundo. E uma pandemia global se alastrando nesse ano de 2020.

Sou de falar pouco do que fiz hoje em dia, cada dia mais aprendo que não é preciso andar com megafone falando de suas conquistas (diferente do que fiz acima), mas como considero algo pessoal esse blog público, fiz desse momento uma necessidade para me lembrar das conquistas e me animar no caminho. Tem gente que não consegue conviver com isso, eu talvez não conseguiria se estivesse do outro lado.

Ficar em casa te obriga a te conhecer melhor e as prioridades dos seus sonhos, ou mesmo reconhecer os sacrificios que você faz para viver a vida. Não se pode entender muito bem ainda o que vai ser do futuro, e essa escuridão á frente te obriga a enxegar ou sentir o que é de fato muito perto.

Seres humanos, nós, nunca estamos satisfeitos. Eu me mantenho as mesmas perguntas de 2009, mas dessa vez com muito mais conteúdo para explorar. Não somos nada sozinhos.