Era dia e Teodoro estava no trabalho na fashion e cara Avenida Ibirapuera em São Paulo, trabalhava no setor de comunição interna e Endomarketing de uma multionacional alemã instalada no Brasil há quase cinco décadas. Tinha dias corridos, já que era um dos responsáveis pelos temas das pautas na revista interna e ainda tinha que ter certeza que todos receberam os comunicados internos (que eram muitos), sem contar os eventos onde tinha que ser o "cabeça" tanto os de diretoria realizados em hotéis de luxo, como os eventos para funcionários, que eram mais simples em nível e mais complexos em gastos e planejamento.
Tinha apenas 28 anos, porém era formado em Publicidade e terminara Relações Públicas, sem contar o MBA em comunicação institucional. Morou um ano na Alemanha, onde aprendera a língua saxã, mas dominava muito bem o inglês, o espanhol e o francês, além de sua língua materna, o português.
Era noivo havia um ano e os gastos com casamento, carro e casa, além dos móveis e viagem de lua de mel, enchiam-lhe a cabeça. Estava mal, dormindo pouco e trabalhando muito. O salário era bom, disso ele não reclamava, sempre tirando seus 7 mil por mês.
Balada, quase nunca ia, e se ia não costumava dançar, não tinha tempo para isso. Entedia muito de história e geografia e não deixava de saber de matemática. Tinha que dar atenção aos amigos que eram todos de bolhas diferentes, aqueles da faculdade, aqueles do Ensino Médio (três apenas com quem mantivera contato), um ou outro da igreja (a qual não frequentava há anos), e ainda aqueles que conhecera na internet quando adolescente e mantivera contato. É, caro leitor, a vida de Teodoro não foi tão fácil, não mesmo, e não estava sendo, sempre sob pressão, mas ele cria que as coisas mudariam. Já mudaram na realidade. Nunca pensou que ia ser fác...
A maça caiu da macieira e acordou Teodoro, lá estava ele dormindo embaixo daquela árvore, o violão estava ao lado junto com o livro de inglês. Acordou meio zonzo e viu que o sonho não valia a pena, para que viver para o dinheiro, estava muito melhor daquele jeito ali, 17 anos, estudando teatro na federal da pequena cidade, tocando violão embaixo de uma árvore com os amigos de vez em quando, e aprendendo sobre cultura brasileira e inglesa como gostava. Para que exagerar em tudo? Para que duas faculdades, MBA, experiência fora, idiomas e altos cargos com responsabilidades imensas que faziam-lhe perder a vida? Não, não, Teodoro sabia a essência da vida, e sabia que ela seria curta demais para arrependimentos futuros. Ele sabia, será que eu sei? Será que você sabe?