quarta-feira, 29 de abril de 2020

1 mês de meditação ativa

Entre 23 de Março e 29 de Abril
Quando todas as inseguranças querem te destruir

Não estou falando literalmente de meditação. Mas sim seriamente. Num período em que me coloquei em casa de modo intensivo, convivendo com mãe, namorado, cachorros, pandemia mundial, governo em crise, instabilidade profissional e financeira, todas as dúvidas vieram a tona. Todos os desnivelamentos também.
Foi tempo de amar e ser amado. De me questionar sobre onde cheguei e as frustações que tenho e por que as tenho. Foi um tempo de filosofar de modo intensivo, questionar algumas amizades e ter saudades, nostalgia de outras. Foi tempo de dar um tempo e aprender como nunca o que é parar, e o que o "parar" trás de bom para minha vida. Foi tempo de se descobrir ocioso numa rede e até de ter crise de choro, desregular o sono, a alimentação, a rotina. Foi um tempo de dizer um "NÃO" bem grande para correntes familiares do controle, de entender melhor meus limites e calcanhares de aquiles. De entender meu sexo, minhas limitações, minhas lutas a serem escolhidas. De entender que o mundo é sim injusto e o que eu quero fazer vai determinar muito essas lutas a escolher.

Fiquei muito agoniado em entender o futuro e ainda estou, estou em processo. Não entendo muita coisa e ainda sem respostas para outras coisas. Me questiono sobre a produtividade em quarentena, ou pelo menos, sobre as curiosidades que a quarentena tem me feito ter. O que quero seguir, o que estou disposto a lutar.

Certamente há objetivos que não abro mão, mas de muitas coisas vou ter sim que abrir mão para conseguir o equilíbro que tanto venero nos meus pensamentos. Sem pressa, sem perfeccionismos.

Se eu fosse resumir esse 1 mês de quarentena eu diria que foi um intensivo de filosofia. É isso, um intensivo de Filosofia.

Meus três primeiros meses sabáticos

Entre 12 de dezembro de 2019 e 23 de Março de 2020
Depois da saída do Facebook e antes da quarentena oficial do Governo

Com tanto tempo dentro de casa, muitos pensamentos, medo e algumas crises existenciais, eu me peguei frustrado, me xingando por não ter passado na USP lá atrás e por ter uma vida presa àlgumas coisas que eu mesmo busquei. Ora, ora, ora...

Pois não foi que agora, ao me perceber vivido 1/3 do ano, eu me perguntei, e o que eu fiz? E o que, eu, que julgo tanto, me saboto muitas vezes, posso dizer ter feito nesse período pré-pandemia, que posso também dizer como um período de meu governo espiritual provisório? Que caralho eu fiz em 3 meses que me provaram dar um step ahead na minha vida? Será que posso comemorar? (Espero que sim, pois comprei vinhos pela internet e se, eu concluir que posso ser meu Narciso, eu vou brindar essa porra)

No outro dia após minha saída nada convencional do Facebook Brasil, sem ainda entender direito o que aconteceu e vivendo o trauma eu peguei a chave do meu apartamento, sim, meu fucking apartamento, que como bom brasileiro financiei em mil vezes. O estar desempregado não me fez comemorar, não me deixou com o momento de êxtase, apenas preocupações que infelizmente seguem, mas ainda assim é uma puta conquista. Morar na Praça Roosevelt, justamente onde eu sonhava em morar sendo um morador de São Paulo, num apartamento que posso dizer meu, é a realização capitalista da propriedade privada que alcancei. Fiz a mudança às pressas, com muita raiva, mas porra, eu tenho um teto, eu tenho esse tipo de problema para se preocupar e isso é lindo demais.

Entre Fevereiro e Março fiz duas viagens que me levaram a 5 estados do Brasil, conheci histórias lindas, pessoas incríveis, paisagens que nunca vão sair da minha cabeça, como atravessar o Rio Tapajós, ou ver Arte Rupestre pela primeira vez. Visitei meu irmão e meus sobrinhos, fiz novos colegas de teatro e fui muitas vezes ao cinema. Assisti ao Oscar do começo ao fim pela primeira vez, torcendo. Porra, olha que linda essa oportunidade, olha quantas experiências e memórias eu construí em algumas viagens que para muitos é impossível ou muito difícil até de cogitar.

Fiz um curso intensivo de atuação para TV e cinema na CAL no Rio de Janeiro e outro de História da Arte Brasileira no MASP. WOW! Sem palavras! E eu realmente quis fazê-los, eu realmente prestei atenção, eu realmente estava presente lá, eu realmente estava feliz em estar estudando esses cursos. Conheci gente legal nesses lugares, tive bons momentos e aprendi muito. Caraca, 2 cursos! Sem contar que iniciei uma pós em História da Arte na FPA, um lugar que sempre quis estudar.

Minha mãe veio morar comigo, estamos reconstruíndo uma relação que há tempos não existia, a do dia-a-dia. Meu cachorro é um fofo e a nega ainda está aqui ao meu lado depois de 17 anos quase. Meu amigos cada vez mais claro quem são e não me preocupo mais em provar nada para eles. E ah! O amor! Hehehehe Me apaixonei por um cara incrível, que me ama e me trata bem e é o melhor namorado do mundo. WOW! Eu vou fucking abrir esse vinho, vou fucking abrir a janela e gritar pro mundo que o período de transição entre o Jeff até 2019 e o Jeff no período da Covid.  O que será? Não sei, não tenho noção. Mas eu tenho que parar com esse sabotador que está dentro de mim, gritando a todo instante. Todos podemos dentro de nossas possibilidades crescer o máximo, por mais que seja em períodos complicados. Na realidade, até melhor, a mudança só vem pelo caos.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Na Varanda

Meu primeiro eu, cercando a luz amarela
a poucos passos de uma da manhã
Faz pouco, na velocidade da luz de uma vela
Que pedi pra na sua vida entrar numa por uma brecha
Que decidi passar contigo o meu amanhã

Sentados esperando o mundo acabar a cada momento
Sinto por dentro uma lágrima de amor,
Sim, você apenas está no meu pensamento
Cantando samba na varanda ao vento
Que faz de cada segundo um doce sabor.

Onde estiver não me esqueço de ti,
A diferença entre você e o passado
É que para lembrar de qualquer amado
Eu tinha que fechar os olhos, e se
De ti me afasto, eu sonho contigo acordado.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Minha São Paulo Querida

Olhando publicações muito antigas, eestou revendo experiências em São Paulo que ainda quero ter por aqui e ainda não tive.

Passear de helicóptero num tour panorâmico +-500
Ir ao festival de sopas do Ceagesp no inverno +-100
Entrar de fato na biblioteca Mario de Andrade 0
Assistir um concerto na Sala SP +-100
Ir ao Parque da Cantareira/Pedra Grande +-50
Aproveitar de verdade o MAC +-30
Ver uma exposição no MIS +-30
Fazer a trillha do Pico do Jaraguá +-50
Comer a Coxinha do Veloso +-30
Pedalar no Minhocão 0
Assistir algo no Teatro Municipal +-50
Subir o Jardim da Prefeitura 0
Assistir o Coral na igreja São Bento 0
Fazer uma visita guiada SanFran 0
Ver uma corrida no autódromo +-200 (Stock Car)
Ver uma corrida de cavalos no jóckei clube ???
Ir a Casa de Vidro +-50
Visitar o Catavento cultural +-50
Ir ao Instuto Butantã +-50
Assistir algo no Auditório do Ibirapuera +-50
Visitar no Ibira o Pavilhão Japonês +-30
Ir ao Museu Judaico 0
Ir ao Solo Sagrado +-50

Punheta Acadêmica

Nesses dias de quarentena, ou melhor, em dezembro antes do dilúvio chegar, pensava que seguiria num mundo corporativo tech. Muito bem equilibrado diria - ainda que com PLEVA, diz-se por estresse - estaria cômodo. Grande ilusão, em menos de uma semana me via sem emprego, com burocracias para resolver e uma conta de milhares de reais para pagar tal como aluguel e mudando completamente de estilo de vida.

Dezembro, chorei mágoas e certamente afetei meu psicológico de modo tal que não sei ainda o quão bem estou recuperado da injustiça sofrida no Facebook, sendo golpeado por uma política interna suja de uma corja de profissionais milionários. Ainda penso que eu não quero muito, e que merecia ter ficado um pouco mais, para catalisar alguns sonhos e deixar as coisas mais estáveis, mas a vida gosta de me desafiar. Sempre, sempre gostou. Certa vez, um amigo, me explicando de minha intensidade, me lembrou que todo momento que eu canto paz, um golpe surge de algum lugar e me puxa de volta para a ação.

Eis que dezembro tomei algumas decisões que afetariam minha vida por completo. Primeiro, inscrevi-me numa especialização na FPA em História da Arte, crente que, defasado numa formação inicial em Licenciatura em História na UNISA (em fevereiro de 2020 foi a colação de grau), poderia estudar e beber de material junto a já especilistas em arte e pensar em objetos de pesquisa para um possível mestrado na área. O que seria de todo um grande desafio. Estou amando! É díficil a leitura, mas é algo novo e o treino da teoria, e como ela se aplica no dia-a-dia, me faz feliz.

Ainda peso a utilitariedade da teoria, pois em um momento de crise como esse que vivemos não são de historiadores da arte que precisam e isso, ainda que pouco, me pesa a conciência e me coloca mais perguntas, como o de por que não fiz medicina ou que fosse veterinária ou ser bombeiro que estaria para ajudar as pessoas. Talvez meu ajudar seja político? Como político se vejo muitas vezes meu objetivo como individualista e elitista tanto quanto muita gente que conheci no ambiente corporativo?

São novas perguntas de angustias não tão novas assim. Tudo é construção e desconstruir dói. Ir a uma festa e tomar algum psicoativo pode ser uma viagem deslumbrante e "foda" para alguns, para minha é uma aula intensiva sobre meu próprio eu, é como ressucitar platão, sócrates e aristóteles e apanhar deles, ou vê-los como armas atirando uns aos outros sem me ver no meio da batalha. Ao mesmo tempo é libertador, pois toda a teoria que lida 10 vezes não faz sentido, em um passe de mágica se faz sentir na prática e não há linguagem no mundo que defina o entendimento daquilo que nós, teóricos, em punhetas acadêmicas, seguimos tentando produzir por séculos.

Eis-me aqui, refletindo na madrugada, na esperança que meu enough chegue logo, mesmo com o espírito inquieto que reconheço ter.



quarta-feira, 1 de abril de 2020

Legião

De tarde quero levantar
Quero olhar pra praça e ver
Que a chuva ainda está forte e vai
Ser foda sair na rua, sei
Que faço isso para viver
Eu vejo o vírus por aí matar
E o vento vai espalhando tudo agora.

Uma pandemia global

É a primeira vez que a minha geração no Brasil vive algo assim. O coronavírus é um vírus que tem uma média atual de letalidade de 1,38% e já infetou mais que milhares de centenas pessoas ao redor do mundo. Temos um presidente que pouco faz caso da situação e uma quarentena quase que obrigatória, devendo ficar em casa o máximo possível, tentando sair o mínimo possível para sobrevivência apenas.

Parece que o mundo fechou suas relações, seus voos, as ruas ficam vazias e com tudo fechado é quase um crime sair. Até que desrepeitei a quarentena indo visitar o amigo vizinho, ou levando o cachorro para passear.

Ora pois, 1 ano sem escrever por aqui e visualizado os dados que eu posso coletar visualmente - é dizer, maior atividade em 2013, o ano em que me obriguei a amadurecer determinador aspectos da vida adulta -, eu posso dizer que estou feliz e fazendo o que eu quero, só não da maneira que eu gostaria de estar fazendo.

Se bem visualizar os posts mais antigos e comparar com os resultados parciais de 2020, para um menino que pouco tinha de grana e apoio familiar, consegui alcançar algumas coisas. através de uma herança, dei entrada num apartamento de 2 quartos bem na praça Franklin Roosevelt, talvez meu sonho de consumo e lugar que mais gostaria de morar em SP. Entre tantas conversas e discussões, a melhor decisao foi que minha mãe voltasse a morar comigo.

Em maio de 2019 comprei adotei o Valentino, um Collie que hoje é uma dos meus grandes companheiros. Estabilizei melhor minha relação com minha irmã, neutralizando um pouco a convivênia e escutando opiniões sobre minhas decisões mais passivamente, já discordando em discordar. Apaixonei-me algumas vezes, sobretudo nas viagens, já sabendo o próprio fim que seria daquela paixão e me enamorei de um carioca em São Paulo, novinho, pouco a pouco, de uma maneira que estou amando estar com ele. Estou namorando, mas ainda sem poemas de amor. Concluí a licenciatura em História, fiz alguns cursos relacionados, estou estudando uma especialização em História da Arte. Falo 5 idiomas bem e outros 2 meia boca. Viajei por 24 estados do Brasil e 20 países no mundo. E uma pandemia global se alastrando nesse ano de 2020.

Sou de falar pouco do que fiz hoje em dia, cada dia mais aprendo que não é preciso andar com megafone falando de suas conquistas (diferente do que fiz acima), mas como considero algo pessoal esse blog público, fiz desse momento uma necessidade para me lembrar das conquistas e me animar no caminho. Tem gente que não consegue conviver com isso, eu talvez não conseguiria se estivesse do outro lado.

Ficar em casa te obriga a te conhecer melhor e as prioridades dos seus sonhos, ou mesmo reconhecer os sacrificios que você faz para viver a vida. Não se pode entender muito bem ainda o que vai ser do futuro, e essa escuridão á frente te obriga a enxegar ou sentir o que é de fato muito perto.

Seres humanos, nós, nunca estamos satisfeitos. Eu me mantenho as mesmas perguntas de 2009, mas dessa vez com muito mais conteúdo para explorar. Não somos nada sozinhos.