terça-feira, 13 de setembro de 2016

Crises existenciais de um jovem médio vulgo eu

Hoje me declaro o direito que concentrar-me em português e escrever um pouco. Só as energias sabem quantas vezes eu comecei a escrever e apaguei tudo, desisti ou perdi a inspiração. Não me vejo profissional da escrita, pois só faço o escrever quando me inspiro.

Enfim, esse não é o foco. Basicamente eu cheguei em um bom patamar da minha vida jovem por mais que eu recuse essa afirmação.

Cedo ou tarde, estou na faculdade que eu gosto, tenho um trabalho que me paga o suficiente e mais um pouco, de maneira que consigo viajar, pagar as contas, morar em Santo Amaro (bairro onde nasci e segundo bairro do coração).

A crise existencial principal desse ano de 2016 chegou quando me vi sem o amparo psicológico da amizade. Eu generalizo e isso não é bom, mas não me vejo em outra senão fazê-lo. Eu não sei a porcentagem (como se fosse possível medir), mas quando o Flávio partiu do apartamento sem muitas explicações e pensando nele e exclusivamente nele. Avisou-me uns 20 dias antes que teria que partir para que melhorasse a saúde e estivesse mais perto do trabalho... Levou consigo, justo, suas coisas que incluía TV, lavadoura etc... Longe de mim por grana na frente, me recuso a pensar em dinheiro - veja o exemplo do Fran que um dia direi - Mas, o fato de não ter compartilhado a ideia, a vontade efetiva e a ação de mudar-se me afetou diretamente. Podia ser algo usual, mas veio dele. Poxa. Um cara que eu amava de paixão, defendia e aguentava os defeitos, uma relação romantica da amizade de alguém que você quer proteger e que te proteja e quando eu me deparei com tal situação simplesmente não sabia o que fazer. Chorei, pedi pra ficar e logo disse que eu precisava de tempo pra pensar.

A amizade acabou. Não creio que tem volta. Mas as pessoas passam na sua vida pra te ensinar algo. Foram muitos bons momentos que passei com o Flávio e não digo que ainda perdoei, porque não houve desculpa, então não tenho o que perdoar, talvez eu tenha que digerir. De igual maneira, creio que quem quer corre atrás e o fiz uma vez ou outra o chamando pra sair, mas é díficil comer a mesma refeição quando não se digeriu a anterior.

Eu queria ouvir um desculpas de verdade, alguma coisa que justificasse a saída, algo como "Preciso do meu espaço, não curti morar com você" Depois disso eu pelo menos poderia talvez voltar a viver normal com a percepção de amizade que eu tinha antes. Nunca tinha reclamado de amizades antes disso: hoje vejo todas as reclamações inexistentes antes da hora de pular o tranpolim que transpassa laços de conhecidos. O mesmo se aplica no coração.

São barreiras do amadurecimento, mas cada dia mais eu penso que o medo natural o instinto que temos acaba por se transformar em incomodo aborrecimento e dor para proteção dos passos que temos que dar.

Superar o preconceito dentro de casa me fez mais desapegado, ainda que ligado à família, Superar a rejeição de quem eu amei me fez experiente e agora superar o pouco caso de uma amizade me fez mais independente.

Talvez eu tenha superado a rejeição, não superei a indiferença. E eu juro que preferiria a ignorancia feliz de quem nada faz questão a dor da sabedoria que quem sai da caverna. Dói demasiado. Mas o tempo, esse sim, amigo e vilão declarado, é o único que lhe ajuda a encarar e seguir o que em um momento te deixou cair sem dó.