quarta-feira, 24 de junho de 2020

Não tá fácil

Pra ninguém. Mais de meia noite, jornal com recordes de mortes em COVID19 na tela. Linkedin e Catho abertas e lágrimas no olho. Incapaz. Imagens aparecem, como aquele sorriso de canto de quem com maldade e certo alívio de não ter de enfrentar um crescimento verdadeiro, me deu a mão que me colocou pra fora de uma empresa que eu acreditava. Não é fácil dormir nos dias que essas memórias vêm. Os livros, os pensamentos, são as únicas coisas que conseguem drenar o que é lágrima, mas eles não pagam as contas. Me sinto perdido.

terça-feira, 23 de junho de 2020

3 momentos para uma História

Eu finalmente me formei em História. Nossa sociedade prega que sem um diploma de ensino superior você não é nada. E após terminá-lo, em muitas situações, parece que ainda assim esse papel não vale muito. 
O período de pior momento da quarentena eu já vivi - claro que pode haver pior momento num futuro - mas atenho-me aos exatos 3 meses em casa.
Primeiro, parece que já faz muito mais tempo que estou em casa, ainda que as semanas passem rápido. Eu diria que em 3 meses, já vivi 100 semanas. Essa é a impressão de tempo que eu vivi.
Claro que há fatores, o namoro, o estar com cachorro, o viver com minha mãe e  o visitar vizinhos amigos contribuem para essa sensação. No período inicial, me vi em crise profunda.
Tive crise de choro, sono mal dormido, e me vendo obrigado a não sair de onde estou num período maior que 2 meses nos últimos 4 ou 5 anos, me questionei. Como eu me questionei.
Perguntei-me sobre vida, profissão, dinheiro, amor, ambições, e ainda em certo grau sigo com os questionamentos, fato.
Num desses devaneios julguei o curso que escolhi no período superior de estudos e descretditei o pouco que lhe havia dado. agora, passo por uma reconstrução desse significado que é ser licenciado em História. Como posso, tendo um pé mental em exatas, querer encaixar-me nas ciências humanas? Por dias quis jogar tudo pro alto e recomeçar, porém lembrei que eu amo estudar o que estudei e que não é jogando pro alto o que investi que meu caminho teria necessariamente uma guinada na rua da felicidade.
Briguei com a História, e os momentos só, às vezes com ajuda de algum entorpecente, falaram mais alto e viajei para momentos que me construíram um curioso da História. Remotamente meus livros favoritos eram sem sombra de dúvidas as sagas de Sherlock Holmes e como ele conseguia reconstruir histórias por pistas. Na faculdade, Guinsburg o cita como exemplo da busca de um paradigma indiciário para o saber histórico e eu o coloco (a Holmes) como um influenciador na minha tomada de decisão do curso da faculdade.
Em um segundo momento me lembro de Alencar, meu professor de história no fund II e ensino Médio. O professor que esteve comigo por 7 anos, mais que qualquer outro até hoje e como o via liberto, talvez porque desiludido como professor, dentro da história como matéria escolar. Eu o olhava como exemplo de professor, ainda que por muitas vezes o tempo era quase disperdiçado em competições de arremessos de bolinha de papel dentro da sala de aula.
O terceiro motivo eu o manipulei, mas ainda creio ser um influenciador. As viagens que desde muito cedo fui obrigado e depois me obriguei a fazer para conhecer a realidade dos outros e os locais mais interessantes que eu poderia conhecer.
Hoje me vejo remediando relações com a História e olhando para a minha formação baseada em deformações e ápices de uma boa época de estudos. Respiro fundo e sigo buscando um conhecimento através da vivência e leituras que em breve espero poder compartilhar com outros e contribuir de certa maneira para a espécie humana como sociedade que eu (não) acredito.

Pergunta

Será que eu o amo?
Se a pergunta vem
Ele em minhas mãos me tem,
Sou eu que aos céus clamo
E com paixão o chamo.
Se o amo não sabia bem,
Já tive paixão por mais de cem
Já tive experiências insanas
Entre mamões e bananas
Eu já me diverti sem desdém

E a pergunta que no fim fica
É o que ele consegue e cativa
Sendo na forma ativa ou passiva
Que meu pensamento viaja e implica
E contente lhe dá a ultima dica
Que sou eu que no fim do dia o ama
Meu corpo por ele arde em chama
E o segundo que com ele estou
É o segundo que me encontro como sou
E eternamente me vejo com ele em uma cama

sábado, 6 de junho de 2020

Tentativa e erro

Junho começou e com ele, mais claridade de pensamentos.
O mundo está um caos. Ligar a TV ou mesmo entrar em redes sociais é deprimente. Um governo omisso em pedaços, crimes por todos os lados e uma epidemia mundial. Dentro de mim, fico reflexivo, mas sem buscar respostas.
O dia hoje representa bem esse momento. Eu olho pro céu e apenas nuvens e nuvens, um dia que poderia talvez ser visto em sépia e, apesar do movimento na praça ali fora, parece sem vida. Eu brigo comigo mesmo para mudar essa realidade e é difícil.

2020 na atual circunstância pessoal de não estar trabalhando, me deu tanto tempo como eu jamais tive antes. Beber, perdeu um pouco da graça, só passo mal quando bebo. Meu corpo não me satisfaz, minha intelectualidade parece medíocre, meu desejo é recomeçar. Mas aí, eu me lembro que não tenho 18 anos, nem milhares de reais na conta que me permitam repensar, ou talvez mesmo, não tenho 18 anos com a experiência dos 27 anos depois de tanta tentativa e erro. Desejo por um momento que a vida fosse tal qual a série Dark e eu mesmo pudesse me aconselhar quando era mais novo e abrir minha cabeça para entender.

Não é assim. O café me desperta e me lembra que não é assim que as coisas funcionam e tudo bem.  A primeira pergunta pode ser "O que é necessário para que você fique feliz e por que você não está faendo isso?" outra "por que você gasta tanto tempo refletindo e planejando, mas a execução é pobre e descontínua?". O momento de tristeza não deve e nem pode ser uma constante. Pelo contrário, deve ser algo específico e dar vazão às ações que mudem minha realidade.

"Qual seu desejo e o que você está disposto a abrir mão por enquanto para alcançar esse desejo?" e enfim "O que te faz feliz?"