Abaixo segue o contexto histórico medieval, tanto como uma visão geral do teatro na época medieval e de transição
REINOS GERMÂNCIOS NA EUROPA OCIDENTAL
Os Germanos
Dentre todos considerados bárbaros, destacavam-se os germanos que compreendem vários povos.
Os germânicos não tinham um governo centralizado, mas havia muita semelhança cultural entre eles, como a religião e a língua.
Cada grupo germânico tinha um chefe militar. Por volta de III a.C. a maioria dos germânicos abandonou o nomadismo, o que exigia terras férteis, assim as terras conquistadas era dividida entre os membros dos grupos.
Eles eram politeístas, mas muitos se tronaram cristãos com o continuo contato com Romanos cristãos.
Invasões Bárbaras no Império romano
A partir do século IV, os grupos germânicos começaram a ser atacados pelos hunos. Assim, eles começaram a adentrar os territórios romanos, tornando-se uma ameaça. Eles invadiram a ilha romana que hoje pé a Inglaterra e dominaram Roma. Então o Império romano foi divido em instáveis reinos bárbaros.
O Reino Franco
A palavra “Franco” caracterizava diversos grupos dispersos que foram unificados por Clóvis. Esses povos tiveram várias conquistas sob o comando de Clóvis, que acabaram se estabelecendo na região da França.
Clóvis formou a dinastia Merovíngia, em 496 ele aceitou o catolicismo e foi batizado, assim alianças políticas importantes forma feitas, principalmente com a Igreja.
Vale lembrar que a Igreja Católica Continuou sua influência sobre a Europa, mesmo depois da queda do Império Romano, pois a mesmo fez alianças com os bpárbaros.
Com a morte de Clóvis houve disputas pelo poder, enfraquecendo a dinastia merovíngia e dava autoridade para a nobreza e o clero.
Após a morte de um rei merovíngio a autoridade política passou a ser exercida por administradores do palácio real, que foram chamados de prefeitos do palácio.
Um desses, Carlos Martel, adquiriu grande poder ao vencer os árabes na batalha de Poitiers.
O contexto de vitórias de Carlos Martel contribuiu para o início da dinastia carolíngia iniciado com Pepino, o breve.
Este fez alianças com a Igreja, cedendo terra da Itália. Isso foi de grande valia para a Igreja se expandir. Assim a Igreja era tida como um “poder espiritual” e os governantes carolíngios, “um poder terreno”.
O Império Carolíngio
O sucessor de Pepino, o breve, foi Carlos Magno. Ele dobrou o território do seu império que passou a ser chamado Império Carolíngio. O território chegou às terras alemãs e italianas, Ele criou condados e marcas (postos militares) além de fiscalizar o reino e fazer valer os capitulares (decretos divididos em capítulos).
Carlos Magno recebeu o título de Imperador do Ocidente. Nos anos seguintes de s reinado ele dedicou-se ao progresso cultural de seu império impulsionando o que chamamos de Renascimento Carolíngio.
Depois de Carlos magno o reino foi transferido para Luís I, o piedoso. Depois da morte desse, o reino foi divido em três partes para seus três filhos a partir do tratado de Verdum. França Ocidental (para Carlos, o calvo), França Oriental (para Luís, o germânico) e França central (governada por Lotário). Após a morte do filho de Lotário, a França central foi divida para os outros dois irmãos de Lotário. Acabou que no final do século X, o feudalismo já era crescente em ambas as “franças”.
FEUDALISMO EUROPEU
O Feudalismo foi um processo lento que se estreitou no final do século X.
Influência Romana
Ao final do império Romano, a sociedade atravessava grandes crises, isso fez com que muitas pessoas, especialmente os mais ricos, se mudassem para o campo para propriedades rurais denominadas Villae.
Lá eles começaram a fazer contratos com os que o procuravam, ou seja, um contrato entre um proprietário de Terras e trabalhadores, chamado colonato.
Os trabalhadores trabalhavam nas terras dos proprietários e lá moravam, dando uma parte de sua produção ao proprietário.
Influência germânica
Eles receberam romanas influências como a do comitatus, onde os guerreiros prestavam serviços militares aos senhores da tribo em troca de terra. Depois da fusão de romanos e germânicos, o costume gerou as bases para a relação entre vassalagem (função militar exercida pelos nobres) e susserania (senhores feudais)
Economia e sociedade
A principal atividade era a agricultura, o comércio era exercido de forma irregular, já que, por exemplo, havia muito sal numa região e não em outra, assim havia trocas.
Assim como Deus era trino, assim devia ser a sociedade.
NOBREZA>> CLERO >> TRABALHADORES
O clero (oratores) dominava o sagrado. Os guerreiros (bellatores) guerreavam. Havia duas procedências, uma dos carolíngios, assim formando uma “nobreza” e outra de pessoas mais simples que se associavam a um senhor feudal, Eram os cavaleiros. Mas as diferenças forma acabando como o tempo, devido à casamentos entre ambos.
Os trabalhadores eram divididos em servos e vilãos. O vilão era um trabalhador livre que tinha o direito de deixar a terra quando quisesse.
O servo era o principal trabalhador dos feudos. A origem da servidão, vem da escravidão.
Escravos viraram servos por um longo processo desde a época carolíngia onde se estabeleceu o colonato. Os servos possuíam algumas obrigações, tais como a corvéia (trabalhar três dias na terra do senhor feudal), a formariage (tributo que devia ser pago quando o servo se casasse), as banalidades (pagar para uso de instalações do senhor feudal), a talha (entre de uma parte da produção) e a mão-morta (imposto quando sucedia o pai).
Política
O feudalismo caracterizou-se pela descentralização do poder do rei, que era apenas simbólico.
MUDANÇAS NA EUROPA FEUDAL
A população crescia na Europa por diversos motivos, como a redução em invasões na Europa Ocidental e a melhoria dos hábitos de higiene, o que fazia aumentar as necessidades alimentares, moradias, etc.
As cruzadas
As cruzadas (oito ao todo) ocorreram entre os séculos XI e XIII com a justificativa de uma reconquista cristã do acesso à “Terra Santa”. Porém, de fato, objetivavam não somente recuperar o acesso comercial do Oriente pelo mediterrâneo, mas a recuperação das terras europeias sob o domínio árabe.
As quatro primeiras cruzadas foram as mais importantes, são elas:
Cruzadas dos nobres – conseguiram algumas conquistas que não duraram por muito tempo
Cruzada dos nobres alemãs e franceses – Que se desentenderam
Cruzada dos reis – Obteve algumas vitórias
Cruzadas dos comerciantes – Não venceram, mas se satisfizeram
Entre outras cruzadas destaca-se a das crianças.
Conseqüências
Relações comerciais foram estabelecidas e as existentes foram incrementadas. Terras foram tomadas e feudos foram estabelecidos. A reabertura do mar mediterrâneo acabou incentivando o Renascimento Comercial.
Renascimento Comercial
Aqueles que não se encontravam mais no espaço feudal passaram a uma nova atividade, a comercial, dando origem a burguesia.
Assim surgiram as feiras medievais, onde comerciantes se encontravam para realizar seus negócios, principalmente nas cidades de Flandres, Veneza e Gênova.
Havia os cambistas que de dedicavam a troca de dinheiro e proteção.
A Igreja condenava o lucro, sendo assim a maioria dos cambistas eram cristãos.
Os comerciantes se organizavam em associações, conhecidas como guildas, que visava a proteção dos interesses dos mesmos.
Renascimento Urbano
Os locais que os burgueses residiam passavam a ser chamados de burgos. Os burgos cresceram e viraram cidades, essas dependiam de um senhor feudal. Alguns burgueses compravam a liberdade da cidade, assinando a carta de franquia (cidades francas), outros tinham que usar a força (cidades comunas).
Em toda a cidade havia oficinas. A burguesia rica foi chamada de alta burguesia. Quase toda a cidade tinha um prefeito.
Vale lembrar que essas cidades cresciam rapidamente e de forma desordenada, o que gerou muitos problemas até alguém fazer algo.
Cultura Medieval Europeia
O clero era a classe sócia que conhecia e pratica a habilidade da leitura e da escrita.
No inicio a Igreja tinhas uma estrutura muito simples, porém com o crescimento dos adeptos as alianças com o Estado, houve uma hierarquia da Igreja.
Durante a Idade Média havia o clero regular (monges) e o clero secular (os que tinham contato com os adeptos). Os líderes religiosos eram tipos como “pai”, daí a denominação padre ou papa. Aqueles que mexiam com a administração eram chamados pontífices.
Os monges faziam votos de pobreza, obediência e de castidade. Dentre as ordens monásticas mais conhecidas estão os dominicanos e franciscanos.
Os monges dedicavam-se a leitura e cópia de livros, o que os caracterizava como grandes intelectuais.
Organização eclesiástica
A Igreja era dona de muitas terras no período feudal, sem contar a influencia política.
Houve, no entanto uma reforma que invocava o celibato clerical, o inicio do colégio dos cardeais (organização eleitoral religiosa) e proibição da investidura leiga (proibição de3 escolha de cargos clericais por não membros do clero).
O leigo imperador Henrique IV não aceitou essa decisão, mas depois de ser excomungado, voltou com a palavra para volta a comunhão.
Depois da morte do papa ele tentou uma investidura, mas foi em vão.
Não parou por aí, Filipe IV, o belo, impediu a Igreja de não pagar impostos e mudou a sede do papado para Avignon, na França. A Igreja elegeu outro para na Itália, Ficando assim um papa (Urbano IV) na Itália e outro (Clemente VII) na França.
Transformações culturais da Baixa Idade Média
Como o reino se fortaleceu, houve uma difusão do conhecimento destacaram-se as universidades. Nelas leigos prestavam artes (que compreendia gramática, matemática, musica e outras matérias) e depois escolhia entre Direito, Medicina e Teologia.
Na filosofia escolástica destaca-se São Tomás de Aquino, na arquitetura destacam-se dois estilos, o românico e o gótico.
FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS IBÉRICAS
Com as invasões bárbaras o local tornou-se o reino dos visigodos, este se enfraqueceu e formaram-se quatros outros reinos cristãos: Leão, Castela, Aragão e Navarra. Reinos tipicamente feudais.
Depois das invasões árabes eles planejaram uma retomada de território, conhecida como guerra de reconquista, os que se destacassem ganhariam terras.
Henrique de Borgonha (Um nobre francês) recebeu terras que receberam o nome de condado Portucalense.
Uma Terra cobiçada que acabou se tornando em 1139, o Reino de Portugal, com sua independência.
Assim iniciava-se a dinastia de Borgonha, que durou até 1383. Depois da morte do último representante da dinastia, a nobreza queria reunificar o reino a Leão, mas a burguesia não.
A burguesia apoiou D. João (mestre de Avis) e depois da revolução de Avis ele assumiu o poder, iniciando a dinastia de Avis.
Portugal foi pioneiro na centralização do poder.
O reino da Espanha deve-se ao casamento entre Fernando de Aragão e Isabel de Castela (casamentos dos reis católicos). Depois disso era só expulsar os muçulmanos de seu território, o que aconteceu em 1492.
TEATRO MEDIEVAL
O teatro medieval está intimamente ligado a Igreja Católica. Depois que o cristianismo dominou Roma e toda a Europa, o teatro foi vítima de preconceito, sendo perseguido e combatido durante séculos, acusado de obsceno e violente.
Uma vez no poder a Igreja excomunga os atores, suas mulheres e descendentes e só no século IV foi que o Concílio de Cartago considerou que tinha sido severa demais essa atitude.
Com exceção do trabalho anônimo nos mimos, o teatro só começou a ressurgir no século XII d. C., comente em representações dentro das Igrejas e mais tarde na porta das Igrejas, para que toda a multidão pudesse assistir. As “confrarias” eram grupos de pessoas que se encarregavam de práticas religiosas e de caridade que passaram a encenar, amadoristicamente, essas peças. Os enredos são tirados das histórias bíblicas e as representações eram feitas nos dias de festas religiosas.
Havia os “mistérios”, baseados em histórias bíblicas, peças que tratavam da Paixão de Jesus, mas também tinham como personagens Deus e o Diabo em luta pela alma dos homens, com intervenção dos anjos e santos.
Os “milagres” eram representações, baseadas na vida de santos, de mártires ou da mãe de Jesus, em que todas as peripécias eram resolvidas com milagres, através a interferência deles.
Nas representações dos mistérios havia a farsa que era originalmente um cômico, bem popularesco, caracterizado por um humor grosseiro de socos, tombos e pontapés. As farsas de caráter religioso criticavam pessoas e instituições consideradas fora das normas da Igreja da moralidade da época.
As moralidades tratavam como se fossem personagens, os vícios e virtudes dos homens, com intenções didáticas e moralizantes, pretendendo ensino o povo atrás das representações teatrais.
Teatro Medieval Profano
Os mimos sobreviveram de forma dispersa, mas, mesmo perseguidos, possibilitaram com seu trabalho a transição entre o tempo, as atelanas de Roma, aos jograis e farsa do teatro profano medieval. Depois, de mais de mil anos de perseguição, o teatro começou novamente a se manifestar sem a ligação com a Igreja, surgindo uma forma peculiar de teatro profano (não religioso). O palco era a praça da cidade ou qualquer lugar amplo (ao ar livre), e toda a população participava. Nas representações profanas usavam-se as “farsas”, os “arremedos burlescos” de pessoas ou casos; As representações “mímicas chamadas de chacotas”; e os “momos” com peripécias, disparates e duplo sentido, que tinham o objetivo de arrancar gargalhadas do público.
Gil Vicente e Fernando Rojas
No período de transição entre a Idade Média e o Renascimento (começo do século XVI), surgiram na península Ibérica, dois grandes dramaturgos. Gil Vicente em Portugal e Fernando Rojas na Espanha. Usaram a técnica medieval, mas já tratavam de idéias novas, de cunho humanista e renascentista, já apontando para uma volta aos temas clássicos gregos.
Fernando Rojas escreveu “La celestina” que tem forma de um romance dialogado e influenciou os meios artísticos da época.
Gil Vicente é considerado o iniciador do teatro português. Inspirou-se nas representações medievais que eram realizadas nas ruas e praças das cidades. Escreveu peças com assuntos diversificados, algumas palacianas, outras litúrgicas e outras bem populares. Os tipos vicentinos descrevem a sociedade portuguesa da época: a imagem comovente do camponês explorado por fidalgos presunçosos e vãos, os clérigos de vida folgada, a moça da vila e o escudeiro ocioso.
Obras de Gil Vicente: Auto de Inês Pereira, Quem tem farelos, Auto da Barca do Inferno, Auto de Mofina Mendes, Auto da alma, Auto da Barca do Purgatório. |
Como Gil Vicente é considerado um escritor de transição, vejamos o que há de sua obra de características medievais e renascentista.
Características Medievais | Características Renascentistas |
Linguagem popular e arcaica | Sátira irreverente, mas moralizadora |
Linguagem individualizada / própria de cada personagem que fala | Entusiasmo nacionalista |
Desleixo sintático | Presença do mecenas |
Versos de sete sílabas | Crítica à cobrança das indulgências e à conduta dos clérigos da Igreja |
Valoriza o espírito de Cruzada | Compreensão dos problemas sociais |
Linguagem que aparente pouca cultura | É contra a materialização da época |
Ausência de problemas psicológicos e de interiorização | Referências mitológicas e clássicas dos gregos e romanos |
Criação de tipo | Peças divididas em quadros |
Ausência de indivíduos com caráter e personalidade bem delimitados | Presença de prólogo em algumas peças |