sexta-feira, 3 de abril de 2020

Punheta Acadêmica

Nesses dias de quarentena, ou melhor, em dezembro antes do dilúvio chegar, pensava que seguiria num mundo corporativo tech. Muito bem equilibrado diria - ainda que com PLEVA, diz-se por estresse - estaria cômodo. Grande ilusão, em menos de uma semana me via sem emprego, com burocracias para resolver e uma conta de milhares de reais para pagar tal como aluguel e mudando completamente de estilo de vida.

Dezembro, chorei mágoas e certamente afetei meu psicológico de modo tal que não sei ainda o quão bem estou recuperado da injustiça sofrida no Facebook, sendo golpeado por uma política interna suja de uma corja de profissionais milionários. Ainda penso que eu não quero muito, e que merecia ter ficado um pouco mais, para catalisar alguns sonhos e deixar as coisas mais estáveis, mas a vida gosta de me desafiar. Sempre, sempre gostou. Certa vez, um amigo, me explicando de minha intensidade, me lembrou que todo momento que eu canto paz, um golpe surge de algum lugar e me puxa de volta para a ação.

Eis que dezembro tomei algumas decisões que afetariam minha vida por completo. Primeiro, inscrevi-me numa especialização na FPA em História da Arte, crente que, defasado numa formação inicial em Licenciatura em História na UNISA (em fevereiro de 2020 foi a colação de grau), poderia estudar e beber de material junto a já especilistas em arte e pensar em objetos de pesquisa para um possível mestrado na área. O que seria de todo um grande desafio. Estou amando! É díficil a leitura, mas é algo novo e o treino da teoria, e como ela se aplica no dia-a-dia, me faz feliz.

Ainda peso a utilitariedade da teoria, pois em um momento de crise como esse que vivemos não são de historiadores da arte que precisam e isso, ainda que pouco, me pesa a conciência e me coloca mais perguntas, como o de por que não fiz medicina ou que fosse veterinária ou ser bombeiro que estaria para ajudar as pessoas. Talvez meu ajudar seja político? Como político se vejo muitas vezes meu objetivo como individualista e elitista tanto quanto muita gente que conheci no ambiente corporativo?

São novas perguntas de angustias não tão novas assim. Tudo é construção e desconstruir dói. Ir a uma festa e tomar algum psicoativo pode ser uma viagem deslumbrante e "foda" para alguns, para minha é uma aula intensiva sobre meu próprio eu, é como ressucitar platão, sócrates e aristóteles e apanhar deles, ou vê-los como armas atirando uns aos outros sem me ver no meio da batalha. Ao mesmo tempo é libertador, pois toda a teoria que lida 10 vezes não faz sentido, em um passe de mágica se faz sentir na prática e não há linguagem no mundo que defina o entendimento daquilo que nós, teóricos, em punhetas acadêmicas, seguimos tentando produzir por séculos.

Eis-me aqui, refletindo na madrugada, na esperança que meu enough chegue logo, mesmo com o espírito inquieto que reconheço ter.



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