quarta-feira, 2 de junho de 2021

Cadê meu brilho?

 Meu briho é falar, é fazer 20 projetos em um dia e considerar que estudar alemão é passatempo.

Meu cachorro é ouro pra mim brilha, é um dos únicos em que confio e que posso abraçar sem medo.

Meu jeito 220 volts, cada hora com um objetivo diferente, cada hora com uma história em detalhes na cabeça só refletem o amor que eu tive um dia pelo teatro e como ali eu conseguia tudo isso. Eu era um lindo mentiroso no teatro, ah se era, eu acreditava em tudo que eu construía. E na minha vida eu adoro criar histórias. Eu adoro.

Eu estou lutando contra qualquer coisa ruim, mas nessa luta eu já perdi muito de mim. É minha mãe que me ama muito, e justamente por isso não consegue viver sem interferir ou sem se incomodar com as escolhas que eu faço. É minha irmã que eu dou mão e ela pega o braço. São os amigos que agora eu já nem confio a ponto de me jogar, é o amor que se irrita com meu jeito doido de sonhar, é minha profissão que me humilhou quando eu queria mudar o mundo, é meu emprego dos sonhos no qual eu fui friamente injustiçado. Eu nunca me senti tão sozinho. Hoje eu quis um abraço e não tive, ou melhor, o Tino foi o único que na sua irracionalidade me entendeu e me permitiu um abraço.

É, pode ser verdade que eu seja assim, rápido demais, inconstante demais, mas esse é meu brilho, é o que me fez chegar aqui, eu não posso esquecer disso. Eu, lá da pqp do Embu, da comunidade, sem pais com estudo, ou melhor, sem pai, de uma mãe semi-analfabeta, que já passou fome. Foi isso que fez eu chegar até aqui, que fez eu conhecer o mundo, aprender idioma, ser dedicado, ser respeitoso, ser divertido, ter um humor inteligente, fazer conexões com pessoas no mundo todo, ter versatilidade, amar sem medo, ser resolutivo. Esse é meu brilho, e por que eu sinto ele indo embora?

O Facebook pode ter acabado comigo. O Gustavo pode ter acabado comigo. A História pode ter acabado comigo. O Brasil pode ter acabado comigo. Mas eu não posso deixar mais que as pessoas que eu sinceramente amei, do fundo do meu coração, como família, como amigos, como irmãos, como amores, acabem comigo. Eu não posso mais deixar isso acontecer. Eu não quero ser estorvo na vida de ninguém. Eu não quero forçar ninguém a sonhar meus sonhos, mas também não quero jamais ser tratado com frieza, com desdém, como segunda opção de ninguém.

Pois é, numa reflexão sobre individualidade eu vejo aqui uma última realidade. Eu estou sozinho. Mas mesmo com essa solidão eu não posso deixar meu brilho apagar.

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