quarta-feira, 27 de maio de 2020

Sei lá que dia da quarentena e da vida

Já perdi as contas. Minha cabeça tá fervendo e não é de dor de cabeça. Não dormi essa noite e não foi balada. Mil coisas na cabeça e quando olho no espelho só enxergo frustação. Eu grito por dentro que a culpa é da pandemia, da quarentena e que se minha cabeça está assim é por fatores exógenos.
Como nunca antes só os arrependimentos gritam dentro. O de não ter estudar e passadona USP, ou mesmo de não ter implorado para ir pra Pelotas estudar meteorologia. De não ter tomado a primeira bala antes. De não ter dado certo com quase 30. Será que eu dei certo?
Eu peço por dentro socorro, mas mesmo os que podem ouvir, não podem fazer muita coisa. Eu me frusto de não ser um ator, de não ter coragem de sair por aí, de não ter sido rebelde o suficiente nem corajoso o suficiente para poder ter arriscado mais. De não ter ido para a Argentina ao invés de Londrina em 2013. De ser sempre o certinho da escola ao invés de ser o visionário.
Sem emprego, agora em 2020, pois queria tanto ter o mínimo do tal ano sabático, corona me pegou de jeito e quebrou as minhas pernas. Eu grito e me vejo traumatizado pelo ambiente corporativo por injustiças depois de tanto acreditar e trabalhar por um objetivo de mudar o mundo. Eu me vejo acanhado no canto, querendo me excluir de redes sociais, de querer viajar o mundo e não postar fotos. De deletar meus perfis e estudar algo que não exija tão facilmente o contato com outros humanos, ou pelo menos não em empresas que se dizem diversas, mas contratam corjas no comando.
Eu me vejo triste por ser ais um dos milhares de atores que nem criativos mais se acham.

Eu paro na esquina de casa, me olho com responsabilidades que eu outrora nem queria, e olho pra mim dizendo que basta de sofrer, e o caminho para a felicidade eu já devo ter. Mas olho novamente e me vejo perdido. A única mão que me acolhe, tenho medo de a cansar, de a perder. Me vejo só novamente e perdido, apenas estudando e estudando e ficando com mais medo. Porra, cadê o Jeff? É isso depressão? É isso pandemia? O que é? Não,não, não. Nem quero saber. Quero acordar e me ver em 2009 com esse sonho longo sonho. E fazer minhas frustações mudarem. Paro, penso e quero 2020, por que porra menosprezo a experiência? Os amigos e amores desses 11 anos? Eu me entristeço, só queria um abraço.

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