terça-feira, 23 de junho de 2020

3 momentos para uma História

Eu finalmente me formei em História. Nossa sociedade prega que sem um diploma de ensino superior você não é nada. E após terminá-lo, em muitas situações, parece que ainda assim esse papel não vale muito. 
O período de pior momento da quarentena eu já vivi - claro que pode haver pior momento num futuro - mas atenho-me aos exatos 3 meses em casa.
Primeiro, parece que já faz muito mais tempo que estou em casa, ainda que as semanas passem rápido. Eu diria que em 3 meses, já vivi 100 semanas. Essa é a impressão de tempo que eu vivi.
Claro que há fatores, o namoro, o estar com cachorro, o viver com minha mãe e  o visitar vizinhos amigos contribuem para essa sensação. No período inicial, me vi em crise profunda.
Tive crise de choro, sono mal dormido, e me vendo obrigado a não sair de onde estou num período maior que 2 meses nos últimos 4 ou 5 anos, me questionei. Como eu me questionei.
Perguntei-me sobre vida, profissão, dinheiro, amor, ambições, e ainda em certo grau sigo com os questionamentos, fato.
Num desses devaneios julguei o curso que escolhi no período superior de estudos e descretditei o pouco que lhe havia dado. agora, passo por uma reconstrução desse significado que é ser licenciado em História. Como posso, tendo um pé mental em exatas, querer encaixar-me nas ciências humanas? Por dias quis jogar tudo pro alto e recomeçar, porém lembrei que eu amo estudar o que estudei e que não é jogando pro alto o que investi que meu caminho teria necessariamente uma guinada na rua da felicidade.
Briguei com a História, e os momentos só, às vezes com ajuda de algum entorpecente, falaram mais alto e viajei para momentos que me construíram um curioso da História. Remotamente meus livros favoritos eram sem sombra de dúvidas as sagas de Sherlock Holmes e como ele conseguia reconstruir histórias por pistas. Na faculdade, Guinsburg o cita como exemplo da busca de um paradigma indiciário para o saber histórico e eu o coloco (a Holmes) como um influenciador na minha tomada de decisão do curso da faculdade.
Em um segundo momento me lembro de Alencar, meu professor de história no fund II e ensino Médio. O professor que esteve comigo por 7 anos, mais que qualquer outro até hoje e como o via liberto, talvez porque desiludido como professor, dentro da história como matéria escolar. Eu o olhava como exemplo de professor, ainda que por muitas vezes o tempo era quase disperdiçado em competições de arremessos de bolinha de papel dentro da sala de aula.
O terceiro motivo eu o manipulei, mas ainda creio ser um influenciador. As viagens que desde muito cedo fui obrigado e depois me obriguei a fazer para conhecer a realidade dos outros e os locais mais interessantes que eu poderia conhecer.
Hoje me vejo remediando relações com a História e olhando para a minha formação baseada em deformações e ápices de uma boa época de estudos. Respiro fundo e sigo buscando um conhecimento através da vivência e leituras que em breve espero poder compartilhar com outros e contribuir de certa maneira para a espécie humana como sociedade que eu (não) acredito.

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