Cada linha que eu escrevo tem menos inspiração me parece. Parece mesmo é que na dor que as palavras correm pela minha boca e escorrem pelos dedos no teclado de meu computador. Parece que nas tragédias eu encontro tragédias e dramas, e nos dramas eu encontro a comédia de uma cena de teatro, ou mesmo um conto ou um poema.
Concentração tem sido uma atividade bem difícil ultimamente. Devido ao fato de dividir apartamento, devido ao fato da conta bancária, dos amigos poucos, das vontades impossíveis...
A dor que sinto como ator é diferente, é a única dor gostosa que tenho sentido em toda essa situação. Essa doença que não é doença, essa família que não é família, esse mundo que o individual briga com a sociedade, esse país que pensa que muda de um dia pro outro... É ver a dor do outro e senti-la e de repente sou eu mais um salvador tal como Strindberg.
Um dias desses, como hoje talvez, não dormi e logo cedo, mais precisamente as 6h da manhã abri a porta e fui andando para o lago igapó que fica a 4km de casa em média, e o sol nascendo eu vi pessoas se exercitarem, eu não corri por não ter energia para tal, mas entrei em contato com o eu, meditei, me equilibrei em uma perna só, expus-me ao que muitos achariam ridículo, mas esse era o ator dentro de mim, se expondo, se aventurando, fazendo o melhor que se pode ser feito, e tacando um foda-se para os problemas.
Por uns segundos fui feliz, não em plenitude, mas fui feliz. Sentir o sol da manhã me cegar e engolir o ar pisando na grama molhada pela madrugada fria. Visões poéticas à parte foi essa melhor sensação do dia e da semana, e que ela se repita por muitas outras vezes. É na simplicidade que encontramos a vida de verdade, porque a vida é simples, complexos somos nós.
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