sábado, 15 de dezembro de 2012

Na cama

Era domingo de manhã e chuva caía lá fora como caíra ontem e anteontem. O dia cinzento, porém quente, fazia jus ao apelido que a cidade recebia. A cidade engolia as pessoas, o metrô andava com velocidade reduzida, mas as distâncias eram sempre as mesmas.
O despertador tocou as 11h e o zumbi, vulgo ser humano com preguiça em cima da cama depois de uma noite acordado, acordou bem devagar. Nem escovar os dentes queria, estava com fome, mas a fome que esperasse pela vontade dos pés de ir até a geladeira.
Em cima da cama e olhando o teto acima, seu cachorro aos seus pés, as imagens da noite anterior não lhe saíam da cabeça.
Como pode às 11h da manhã de um dia estranho um turbilhão de sentimentos e confusões se resumirem a um guri em cima de uma cama sem pensar muito, apenas analisando as imagens que vira no dia anterior, a dança com o amigo, o beijo de quem pensara estar sempre ali, o olhar perdido de alguém que não sabia se amava, a bebida sendo posta, a música dançada, o celular despedaçando-se no chão, a espera pelo transporte de volta pra casa...
Era muita confusão pra um menino que só queria fugir, mudar de nome, endereço, vida, porém que sabia que no fundo ele só queria poder ter o poder resolver questões e achar respostas concretas para suas angústias. Ele só ainda não havia descoberto que tinha esse poder e todas as respostas já foram dadas.
A fome apertava e ele lá, deitado. Até que resolveu não pensar muito, levantou, comeu algo e saiu pra mais um domingo de compromissos mil.

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