quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O final... que não aconteceu


"Eu preciso falar com alguém, com alguém não, com você! Estou onde você sempre quis me encontrar. Vem!"
Eu estava lá 30 minutos depois. Desci na estação, chuva apertada e o céu escuro e fechado em pleno dia de verão.
As pessoas corriam pra se esconder da chuva e os guarda-chuvas eram a única cor que coloriam a avenida onde carros passavam devagar com os para-brisas ligados. Eu com minha camiseta social rosa desabotoada em três botões, calça jeans preta e sapato social depois de um dia de trabalho que eu não queria voltar pra casa.
Sem guarda-chuva eu andei sem olhar para os lados, atravessei duas ruas e virei à direita, prédios cercavam aquela praça de pedra com algum verde pra disfarçar a rigidez que o lugar trazia em si.
No segundo banco de pedra, no mesmo onde se dera o primeiro beijo, o primeiro contato, o primeiro oi... Ali ele estava sentado, também todo molhado da chuva, com sua camiseta moletom, sua jeans e seu tênis. Cabeça baixa e sem ligar para o banho de chuva que estava tomando.
Parei para admirar o menino, mas foi o tempo dele levantar o queixo e vir em minha direção sem sorrir, sem chorar, apenas com o foco da minha boca que refletia em seus olhos.
O toque do lábio que eu esperava ateou fogo na chuva e fez do dia escuro, luz. E da chuva, ácido que corroía o passado que já não tinha mais valor. 
“Vamos combinar uma coisa no pé do ouvido, um segredo nosso, só nós dois? Vamos ser felizes daqui pra frente e esquecer que o mundo existe?"
Não respondi com voz, respondi com o olhar e o olhar dado foi o mesmo que anos antes se deixou mergulhar em beijos, promessas e futuros que poderiam não existir.
Entendi então o significado de “morrer” que tanto li em poemas. Não era parar de respirar, era apenas querer que aquele momento não acabasse e se acabasse que eu morresse por saber que não mais viveria momentos com tal intensidade e importância depois daquele.
E o romance que tanto escrevi ali teve seu fim e seu inicio, mas isso é outro livro que o tempo se encarregará de escrever.

Nenhum comentário:

Postar um comentário