quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O beijo atrás da porta

- Quer que eu coloque pra vocês? - O menino perguntou ao amigo e a amiga se eles queriam mais um copo de Vodka com refrigerante. Mas a roda era formada de mais dois outros meninos, só que com copos ainda cheios. A resposta foi positiva e dessa vez a dose do destilado foi maior.
Os sorrisos já penetravam as conversas que depois nem seriam lembradas por nenhum deles, restariam contatos novos na internet e no celular, e é claro mais risadas altas.
O menino que servira as doses também pegara pra si um copo, o assunto na roda dominara plenamente e seu léxico fora bem gasto, atraindo pra si todo e qualquer olhar, interesse e até mesmo inveja. É raro encontrar bonitos de corpo, rosto e alma.
Mas ele não estava pra atrair naquele dia. Nem havia se preparado para isso, barba por fazer, uma touca de lã mesmo frio não estando, camisa sem estampa e calça jeans com seu All star que já conhecia a cidade por inteira.
Estava ali pra esquecer do mundo depois dos portões. Seu sofrimento guardara para si e seu sorriso era seu escudo, mas não dava pra não ser charmoso, atraente, estava em seu sangue...
Não fazia distinções de beijos e nem ligava pros toques indevidos. Naquela sala, outrora, já havia beijado metade dos que ali estavam, e até se apaixonado por um que nada queria, o que não sabia é que naquela noite, pouco depois do quarto copo de Vodka, ao sair do banheiro, seria beijado sem tempo de reação.
Não reconhecera o beijo ao primeiro toque, mas logo o gosto que se misturou ao cheiro ele lembrou de todos os bons momentos que ali passou em outra festa. Não precisou abrir os olhos para reconhecer. Entregou-se uma vez mais e só por aquela noite, pois sabia que beijos não são promessas e não precisam de significado pra existir.

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