Minha avó faleceu ontem. Fui bem objetivo nessa afirmação, mas dessa vez eu sofri muito.
Era minha única vó viva e apesar do pouco contato, foi a única com quem tive algum contato real. Parei para pensar e lembrar quando e como recebi as informações das mortes desses pais dos meus pais até agora.
A primeira foi a mãe de minha mãe, Ernestina Bezerra, em dezembro de 2001 (por volta do dia 10). Eu era uma criança com nove anos e tinha acabado de mudar e casa e ganahr um vídeo game. Sabia que a morte existia e tinha medo dela, mas nunca tinha provado essa coisa de "alguém morreu" de verdade. Estudava a tarde e ia de perua escolar pra a prova. A cena eu lembro bem até, as palavras exatas mais ou menos. Sei que desci da perua escolar e na garagem ainda nem rebocada estava minha mãe e minha tia sentadas, bem tristes. "Jé, a sua vó lá da Bahia morreu" Foram com palavras mais delicadas, mas com essa ideia que me deram a notícia. Tive um choque, mas nada de mais, eu nem sabia direito que tinha uma avó. Nunca tinha convivido com ela e então pedi para jogar video game, mas eu era uma criança esperta. Estava um pouco triste sim, mas criança é criança e com um jogo de cintura, falando que era para eu ficar feliz pedi o video game e fui jogar com meu primo.
Em 24 de Abril de 2004 eu estava no meu quarto quando minha mãe depois de minha irmã ter recebido a notícia, veio me falar que meu avó, pai do meu pai, Florisbaldo Corrêa, tinha morrido em MS. Minha irmã estava fazendo de tudo para ir no enterro e lá foi ela na correria, não lembro muito bem da situação em geral, mas esse meu avô já estava bem debilitado e sofrendo, descansou. Não lembro quase nada dele, a não ser uma cena que nunca sairá de minha cabeça. Doeu um pouco, queria ter tido mais convívio com ele. Chorei, em silêncio.
Era pequeno e danado, meu avô sentado numa cadeira no pequeno jardim quadrado de minha avó, me olhava enquanto eu ameaça colocar os pés num formigueiro. O jardim tinha uma roseira no meio e dois degraus em azuleijo quebrado no centro (até hoje foi assim). Ele disse com sua voz meio rouca "Não pise aí guri, elas vão te morder" Eu disse "Não vão não" e enfiei o pé no formigueiro. Nunca mais pisei em um formigueiro no minha vida.
Em 2009 viajei para a Europa e ganhei passagens para RO, na real tentei dá-las apra minha mãe visitar seu pai na BA, mas ela não quis. Conheci meu Avô, Apolinário Ribeiro, em 2005, eu era uma criança em formação, e o meu avô, um gaitista inigualável, um homem já delibitado pela perna que nunca sarava. Em RO recebi a notícia num quarto de hotel em Vilhena, ao lado do meu irmão. Quem ma deu foi minha irmã através do MSN, Não digo que sofri muito por mim, mas sofri pela minha mãe, que depois que venho apra São Paulo em 76 demorou muito tempo para falar com o pai e o perde assim, sem muito convivio também.
Mas ontem, ontem eu sofri, e estou sofrendo até agora. Ao passo que escrevo aqui, minha avô,
Maria Rosa, está sendo sepultada lá em MS. Não quero acreditar, para mim que é mentira, que no fim do ano vou apra lá comer da sopa paraguaia conversando com ela na varanda daquela casinha de madeira na divisa com o Paraguai. Essa semana eu não sei porque, mas queria muito ter ligado para minha vó e conversado algo, estava com saudades, mas fiquei an minha e não liguei, não sei porquê. Vergonha, timidez talvez.
Estava no banho quando escuto os soluços de minha irmã e ecuto coisas relativas a MS. Saquei na hora, parei, e perguntei para minha mãe enquanto eu ainda estava de toalha no corredor "A vó morreu, né?" Doeu muito, chorei muito. Choro muito, a minha avó era um elo na minha família. Minha família é muito grande e a sua amtriarca era um elo que unia a todos, parece que isso arrebentou agora. Minha irmã foi para MS mais uma vez e volta a amanhã, meu irmão de RO também. Se eu estou sofrendo, imagine eles que tiveram mais que o dobro de contato com ela?
Há várias coisas que aliviam minha dor, o fato dela não ter sofrido e ter me falado uma vez no finalzinho do ano passado, enquanto estávamos sentados na varando de sua casinha de madeira pintada de amarela.
"Sabe Jefferson, Quando seu avô morreu em 2004 eu pensei que eu não ia chegar tão longe, veja já estamos em... qual é o ano mesmo? 2011, mas de 6 anos que seu avô morreu e eu aqui ainda. A idade chegou, até ano passado eu era mais ativa, agora tenho alguns problemas, mas estou aqui"
Minha avó teve seis filhos biológicos e uma filha de criação. Desses, apenas meu pai em 23 de abril de 1993, faleceu em um acidente de carro. 18 anos depois Deus decidiu tirá-la do nosso meio e deixá-la na nossa lembrança. Minha avó costumava falar que sofria pela morte de meu pai e também sentia falta de meu avô. Minha mãe me diz que estão os três juntos agora segundo sua crença, e eu espero muito que sua crença esteja certa.
Qual a única certeza que temos na vida? A morte, mas por que evitamos tanto falar nela? Não devemos nos preparar? Bom, por mais que conversemos não estaremos preparados nunca.
E que Deus proteja essa Família CORRÊA que veio do Interior do Rio Grande do Sul para Ponta Porã e de Ponta Porã se espalhou pelo Brasil. Perdemos aquela que possibilitou o nascimento de mais de 60 Correas até a data de sua morte e que agora descansa em paz.
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